Preciso que os teus olhos deslizem por mim, como deslizaram em momentos distantes do presente, preciso do teu olhar a recair como pétalas de flores sobre a minha pele, sobre os sorrisos de um adeus sem fim.
Quero todos os teus passos em sintonia com os meus, todos os gestos de momento, numa noite perdida de loucura abismal, numa despedida concretizante de quem já não dança mais qualquer tipo de valsa nem no palco, nem na tua plateia.
Cada espectáculo tem o seu tempo de antena, e talvez eu como uma espectadora vivaz, me iludisse com o tempo, com a representação, e esperasse tão mais da peça, mas tão mais que tenha adormecido na espera, na espera contínua de voltares a subir, com passos escorados, e com toda a tua luz solene.
E é isto que me mata o sorriso, a espera desgastante que a fé deliberada sustenta, por ficares à porta, numa espera irremediável que eu suba ao palco e te chame. . .
Mas tenho tantas outras peças que posso ver… Por isso arranja um texto improvisado, salta para o palco, e não precisas de disfarce, eu sei que és tu.