Todos nós de certa forma já nos questionamos acerca da incógnita vivaz que nos perturba diariamente.
Pois bem, tudo começa no suicídio.
Chateio-me com o mundo, chateio-me com a vida, com o namorado, com os meus pais, com o vizinho e com a melhor amiga. O melhor será desistir deste inferno, porque a dada altura, morrerei de fome, devido à subida do petróleo, ou então de sede, na terceira guerra mundial, poderei morrer ao atravessar a estrada com um condutor bêbedo a atender o telemóvel, e com tantas probabilidades, o melhor é adiantar o trabalhinho. Estou zangada, e quero mostrar a minha indignação ao mundo. Zás.
E DEPOIS?
A vida alheia continua, os carros não param, os comentários não esmorecem, e o tempo não pára. Não pára para te contemplar a coragem, não pára para te contemplar a fraqueza. Apenas não pára, de maneira nenhuma. Não mudarás a atmosfera, não realizarás descobertas, não serás reconhecida num acto único, e nunca vais ficar para a história. Vais ser o suicídio do dia, e um de tantos outros ao final do mês.
É ofensivo de certa forma pensar, na luta diária de sobrevivência que muitos fazem, que muitos fizeram, para mais um minuto de vida com aqueles que amam, para mais um momento de glória.
Ficarão os amigos, devastados, com o peso na consciência que poderiam ter feito mais, os pais num psiquiatra para o resto da vida, a irmã com uma vida atribulada porque não percebe o porquê, o namorado a tentar esquecer-te durante uns tempos numas férias de sonho.
Tudo porque decidis-te antecipar os passinhos aqui no inferno, na esperança de ver algum céu.