Aí se podesse abraçar-te agora, num rasgo de luz do céu cinzento. . .
Abraçar-te num cheiro milhento a cereja vermelha, a doce de túlipa, e num olhar cintilante pedir mais uma vez o teu peito crespado para afogar pensamentos, para perder horas a olhar o nada, a contemplar o belo, e sentir o doce suave de todos os momentos. . .
Perco palavras no vazio silencioso de quem sabe que nunca chegarão a teus ouvidos, à tua voz pertinente, palavras pequenas, de tao podres sentimentos.
Já me despedi vezes sem conta, perdi-as até nos pensamentos nocturnos talvez nas noites mal dormidas, nas palavras que não foram ditas, nos sorrisos que ficaram na mente, nos pedaços de papel, nas letras de tinta, nos borratões de folha. . . Perdi-me no pensamento perfeito, um dia nos teus lábios, para sempre e nunca mais.
“Só se ama o que não se possui completamente”
Proust , Marcel